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Intervenção do BE nas comemorações do 25 de Abril na Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa

Este foi o conteúdo da intervenção de João Gomes, eleito do Bloco de Esquerda na freguesia de Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, nas comemorações dos 42 anos da Revolução dos Cravos:

Gostaria de começar por cumprimentar toda a audiência presente nesta sessão solene, onde se incluem os elementos  pertencentes ao executivo da Junta de Freguesia, elementos das bancadas com representação na Assembleia de Freguesia, demais figuras presentes e, em particular, os fregueses que, desta maneira, mostram a sua vontade em participar numa sociedade democrática e de todos.

E foi também isso que o 25 de Abril nos permitiu: viver em democracia e com democracia. Neste dia, celebra-se o 42º aniversário de um dia que é muito mais do que um dia histórico. O 25 de Abril simboliza um ponto de viragem numa sociedade que, até então vivia amordaçada e sem perspectivas de futuro. Talvez “viver” não seja o melhor dos verbos para descrever o quotidiano antes do 25 de Abril de 1974, porque não considero que exista Vida numa sociedade sem liberdade de movimentos, pensamentos ou actos.

Este dia simboliza a vontade e necessidade de um povo em viver numa sociedade livre, em que a esperança num amanhã melhor se sobrepõe a qualquer limitação ou censura e em que nada é imposto de uma forme cega e absurdamente cruel. Com o 25 de Abril, ganhámos a possibilidade de tomarmos decisões que interferem no nosso amanhã. Para ser honesto, é-me completamente impossível imaginar uma sociedade em que não seja esse um dos principais direitos adquiridos. A liberdade conquistada é uma das principais razões para nunca esquecer o que este dia significa, daí a importância desta sessão solene e do nosso papel enquanto agentes políticos que, a meu ver, têm o dever de transmitir os ideais deste dia para as futuras gerações.

Acreditamos que não se pode construir um futuro sustentado, consciente e que se coadune com as nossas vontades, sem se conhecer o passado. No passado, foram já muitos os erros cometidos e que deverão ser corrigidos ou, se possível, evitados para que não continuemos ano após ano, década após década, século após século, a desculparmo-nos com aquilo que foi feito ou que não foi feito e a encontrar motivos para não pensar no futuro.

Por outro lado, se há coisa que o passado também já nos ensinou é que todos nós devemos ter um papel activo na sociedade. Só uma sociedade participativa e organizada pode definir de forma consciente os seus alicerces políticos. É imperativo que cada um de nós, independentemente da sua orientação política, tenha como único objectivo a constituição de um país mais justo, livre e em que nada mais importe a não ser o bem-estar das pessoas. É sempre com este objectivo em mente que trabalhamos na Assembleia de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa, procurando nunca defraudar as expectativas que foram postas em nós quando, em Setembro de 2013, fomos eleitos.

Neste último ano, houve mudanças claras no âmbito da política nacional.  É certo que nem tudo o que deve ser feito foi já feito, mas actualmente não há caminhos fáceis, curtos e sem consequências. Na sessão solene do 25 de Abril do ano passado foram vários os exemplos que demonstravam aquilo que considerámos ser uma “regressão da evolução do país”, desde o estado da saúde, o desequilíbrio nos direitos das mulheres, a importância que é dada à ciência e cultura, o fluxo de emigrações ou os níveis de desemprego. Um ano passou e é com agrado que observamos que este ano nos trouxe motivos para repensar o que dissemos e nos deu esperança numa sociedade que reflecte os nossos interesses. Como exemplo disso, salientamos as medidas tomadas que promovem a diminuição dos níveis de desemprego, a intenção da substituição de bolsas de investigação por contratos de trabalho, a anulação ou redução das taxas moderadoras, o aumento de pessoas que beneficiam da tarifa social na água e luz ou o reforço das verbas destinadas a famílias carenciadas, idosos e desempregados de longa duração. Contudo, tal como já foi dito, este será um caminho longo, com obstáculos e certamente com alguns percalços. Exemplo disso é o actual fluxo migratório que ainda é bastante considerável, o que compromete de forma possivelmente irreversível o investimento que foi feito na formação de inúmeras pessoas que por vezes acabam por ser empurradas para o estrangeiro em busca de melhores condições de vida.

Ainda muito terá que ser feito para corrigir muitos dos problemas que actualmente impedem o nosso país de dar as merecidas condições de vida a quem aqui vive. Mas uma coisa é certa, só conseguimos dar mais e melhores condições aos nossos cidadãos e às nossas cidadãs se conhecermos e respeitarmos os direitos adquiridos com o 25 de Abril. Direitos estes que deverão estar incluídos nos valores transmitidos às futuras gerações, de modo a mostrar que a liberdade de opinião e acção deve sempre ser usada em prol de um país mais equilibrado, justo, respeitador, culto e, acima de tudo, livre.