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Intervenção do BE nas comemorações do 25 de Abril na freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa

Boa noite a todos,

44 anos passados e a urgência em falar e não esquecer Abril é gritante. E o falar, não é só por falar, assim como o relembrar não é para o fazer sem reflectir. E, por favor, não me condenem por não ter vivido sem liberdade e por ter tido a sorte que espero que tenham também as gerações vindouras.

Sei o que é a Democracia. E sei o que ela significa. Sei que é a soberania do Povo, ou deveria ser. Sei que não são poderes instituídos e jogadas estratégicas de quem lá se acha, ou pelo menos, não deveria ser. Sei que é o sistema que permite a participação de todos e que promove essa mesma participação, não deixando ninguém de lado. Ou, lá está, pelo menos deveria ser.

Por todos estes deveres que ainda estão por ser é que é urgente pensar e falar do 25 de Abril. Para que se insista nestes deveres e para que continuemos a lutar por eles. Para que se acabe com as utilizações dos poderes democráticos para nutrir interesses próprios ou alimentar conflitos que em nada servem o interesse público. Só assim, todos nós, que fomos eleitos para representar quem confia nas nossas ideias, poderemos e conseguiremos criar um espaço mais plural e útil a todos. Falando e escutando, como a liberdade sugere.

Para que se acabe a discriminação, a opressão e a repressão que ainda ouvimos por alguns lados, temos que reflectir sobre Abril. Para que a sorte que eu tive outros continuem a ter, Abril deve ser comemorado. Mas mais do que isso: partilhado, ensinado e exemplificado por todos nós, principalmente por aqueles que têm a responsabilidade de ser a representação de um acto democrático e que desempenham a democracia diariamente nas suas funções. Não só em Abril, mas também em todos os outros meses.

Que Abril esteja sempre representado nos nossos actos e que pese nos nossos actos. Mesmo por aqueles, que como eu, nunca foram privados de liberdade nenhuma mas que continuam a sentir que há coisas que não funcionam e que precisam de afinação. Porque apesar de pertencer a essa geração sortuda, quero acreditar que pertenço também à geração que sabe o que é a Democracia e que sabe exigir o que dela esperamos, ou devemos esperar. E se isso acontece é porque sabemos o que foi o 25 de Abril e o que ele significa.

Pegando no que Ary disse, que continuemos acordados para novos tempos, novas vivências, com base em melhores exemplos, melhores vontades e melhores quereres. Continuemo a mudar o rumo ao vento, para um novo alvorecer.

 

Viva o 25 de Abril!

24 de Abril de 2018, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa