É ou não verdade que um Orçamento de Câmara Municipal e uma prestação de contas do mesmo órgão são documentos financeiros que reflectem posições políticas e estratégias tomadas por quem os apresenta?
Claro que sim e passo a explicar.
Na apresentação de um orçamento é apresentado um documento previsional onde, pelas diversas rubricas e suas previsões de gastos, há uma tendência ou caminho e estratégia política e de desenvolvimento a ele associado para o próximo ano.
Por outro lado, quando se apresentam as contas está-se a apresentar, por um lado as contas efectivas do ano anterior em causa, por outro lado o fruto das políticas ou estratégias que foram colocadas em prática aquando da sua apresentação, em forma de orçamento.
Em suma, num orçamento mostra-se o caminho que se quer seguir, há discussão e contribuição da oposição, e no fecho das contas está reflectido esse caminho escolhido que pode e deve ser alvo de reflexão, discussão e até crítica ao que ficou por fazer, ao que ficou mal feito e é o que se pode corrigir no ano em curso.
Na última Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, a 05 de Abril, após uma intervenção da bancada do Bloco de Esquerda acerca da prestação de contas da Câmara Municipal referente a 2017, onde analisamos que as estratégias políticas desenvolvidas durante o referido ano tinham sido insuficientes ou ineficientes em matéria de defesa do ambiente e na defesa do direito à habitação condigna, a resposta à nossa intervenção foi no mínimo um desrespeito a quem está numa Assembleia Municipal a exercer um mandato legítimo e um total desconhecimento da intenção ou contexto da nossa intervenção.
Na nossa intervenção política acerca da apreciação das contas da Câmara Municipal abordámos os seguintes assuntos:
Que o executivo da Câmara Municipal fique envergonhado pela sua má prestação em 2017 sobre as matérias por nós trazidas à discussão até podemos compreender, mas que após a intervenção de 3 vereadores, o vice-presidente e o presidente da CM não tenham respondido às nossas questões acerca das contas, justificando que a nossa intervenção estava desenquadrada no ponto, simplesmente é desconhecer o âmbito político, já por nós explicado no início, dos dois actos em causa, orçamento e contas.
Pela dificuldade em análise profunda das contas, pela falta de resultados nestas e noutras matérias e por outras dúvidas que temos e não nos foram esclarecidas, ao contrário do PS de VFX que diz que em caso de dúvida vota contra, nós abstivemo-nos.
Nuno Onça
Eleito pela bancada do BE, na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, sessão de 5-4-2018 (Trancoso)