Em abril de 2014, a Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira aprovou, por unanimidade, uma proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda que defendia a criação de uma Reserva Natural Local nas antigas salinas de Alverca, na zona ribeirinha entre as linhas de comboio e o Tejo.
Então, Maria do Carmo Dias tinha apresentado em nome da bancada municipal do Bloco de Esquerda uma moção que classificava o espaço de cerca de 40 hectares como uma “área de nidificação e de refúgio alimentar de imensas espécies de aves selvagens” “extraordinariamente importante”, um facto “unanimemente” reconhecido por associações de defesa do ambiente. Carlos Patrão, também eleito pelo Bloco à data, defendia que “é muito importante que exista esta reserva natural no concelho de Vila Franca de Xira”.
Agora, informa o jornal Público esta segunda-feira, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira finalmente concretizou a aquisição do terreno para criar a Reserva Natural das Salinas de Alverca. Para além disto, a compra permitirá regularizar a situação do edifício da ETAR construída em terrenos privados há mais de vinte anos.
O processo foi-se arrastando ao longo do tempo precisamente por causa do diferendo com a proprietária do terreno, a Arco Central, uma empresa do universo do BES. Já em 2013, esta empresa tinha colocado em tribunal a autarquia na sequência da rejeição desta do projeto de aí serem construídos armazéns. Mais tarde, as partes chegaram a acordo (em 2018 a autarquia garantia que tudo ficaria tratado até ao final do ano) mas “a questão arrastou-se por dificuldades da empresa em conseguir todos os registos prediais necessários para a escritura”.
Além da proposta do Bloco de Esquerda, a pretensão de classificação do espaço foi também objeto de uma petição, em junho de 2021, que juntou diversas ONG de Ambiente, designadamente a Associação Natureza Portugal, a Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, o GEOTA, a Liga para a Proteçao da Natureza, a Quercus e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.